27 dezembro 2009


"Como se eu tivesse a tela, os pincéis e as cores - e me faltasse o grito de libertação, ou a mudez essencial que é necessária para que se digam certas coisas......Também seria inesgotável escrever sobre beber mal. Bebo depressa demais, e não há alternativas: ou praticamente adormeço dentro de mim e fico morosa, pensativa sem que um pensamento se esclareça como descoberta, ou fico excitada dizendo tolices de maior brilho instantâneo. Mas - há um instante mínimo nesse estado em que simplesmente sei como é a vida, como eu sou, como os outros são, como a arte deveria ser, como o abstracionismo por mais abstrato não é abstrato. Esse instante só não vale a pena porque esqueço tudo depois, quase na hojra. É como se o pacto com Deus fosse este: ver e esquecer, para não ser fulminado pelo saber." Clarice...

Um comentário:

Juan Moravagine Carneiro disse...

O dia que você resolver dar seu grito de libertação não através de telas ou pincéis mas sim através das palavras tenho certeza que vai se tornar uma grande escritora.
Sempre lhe disse isso, vejo em você algo que sempre me surpreende.