10 junho 2008

Incompletude

Reading by the Window" de Charles James Lewis - 1830
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O sentimento é INCOMPLETUDE!
Sensação de que há algo mais a ser do que eu simplesmente sou.
Há algo fora que ainda falta dentro de mim.
Nada ligado a outra pessoa ou bens materiais...
...é difícil encontrar...quando não sabemos o que estamos procurando...
Não me conheço.
Não conheço meus limites, mas tenho a sensação de que ainda estou muito longe deles.
Onde minhas mãos alcançam?
Qual a distância de um passo meu?
A altura que posso saltar?
A força dos meus atos e da minha omissão.
Onde pode ser ouvido o meu grito?
Qual os significados dos meus silêncios?
Sigo, Dividindo-me.
Multiplicando e me somando.
Eternamente me diminuindo.
Será isto do ser?
Será da mulher?
O que será de mim?
Será este meu caminho?
Busco em livros e filmes trechos da minha história.
Em ruas desconhecidas, as casas onde não morei.
Busco pessoas que não conheci na tentativa de resgatar trechos de histórias que não vivi.
Vivo momento de incompletude.
Momentos de quietude....e contestação silenciosa.
Busca...
enquanto isso...sigo a história...
com esta versão incompleta de mim!
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A inspiração para o post verio do www.caixadeanadora.blogspot.com...onde li o trechinho abaixo:
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."
[Fernando Pessoa]

8 comentários:

Cris Medeiros disse...

Bonito post! Faz pensar!

Beijos

du disse...

:esse sentimento, de estar incompleto, é o combustível para o viver:

:muitas vezes as respostas não chegam decifradas. outras eternizam perguntas. mas o que agrada é o poder que causam quando tocam a alma.

:procura sem fim? eternamente insatisfeito? felicidade sempre a um passo de distância? não.

:é só como anda a vida. ela não é um mar de rosas. mas ela oferece primaveras sazonais. e cabe a nós, vivê-las bem, para no inverno, as memórias só nos proporcionem mais forças para resgatá-las em período recorde.

:vivo incompleto. mas a todo momento agrego partes. desfaço de outras. e no momento que achar que está tudo certo. o todo está pronto. talvez o próximo segundo acompanhe meu último suspiro.

.abraço.

Ana Luisa disse...

Ah, Mariah!
Sinto-me lisongeada pela inspiração. Qto à referência, não precisava se preocupar com isso.

Há uma determinada identificação com seu post, essa procura é constante, esse sentimento perdura.

Beijinho pra vc.

Anônimo disse...

"Não me conheço.
Não conheço meus limites, mas tenho a sensação de que ainda estou muito longe deles."

Parece estar falando de mim...

Gostei muito.

Bjs

Artsy-Fartsy disse...

Mariah, acho que não é coisa só de mulher, não. Haja vista a inspiração em Fernando Pessoa; não só isso, porém, mas ainda há algo que me faz lembrar do Soneto dos Muitos Eus, de Paulo Bomfim, e também do primeiro soneto do Livro de Transfiguração ("Venho de longe, trago o pensamento/banhado em velhos sais e maresias..."). Afora esses pequenos canhenhos, quantas obras da literatura mundial não retratam a pessoa à busca de si mesma? As maiores viagens são as interiores. Desde o "il faut voyager", de Voltaire, pela voz de Candide, até o "I travel for travel's sake..." (de quem? ah!, vou deixar você pesquisar lá na minha sombrinha hahahahaha)
Abraços firmes! Ah, sim, e se você se encontrar, e se achar um bom método para tanto, diga-me, por favor, pois também ando à busca, ok?

Anônimo disse...

Mariah,
Que linduuu!!! Super inspirada para escrever, hein! Adorei! Incompletude... conseguiu expressar esse sentimento poeticamente. Mto bom! bjim,

Vanessa disse...

Tem coisas com as quais é fácil se identificar....
Ainda não descobri meu limites... nem quero.

Anônimo disse...

Vai ler coisas que prestem!
Isto não é de Pessoa nem no túmulo!
Da caixa de Pandora sairam misérias, esta deve ser uma delas!
Compra um livro de poemas do Fernando Pessoa, um pequenino, bem simples e para de publicar besteiras!