09 março 2007

Insônia

É na calada da noite que passeiam os mais criativos.
Fumam nas janelas dos seus apartamentos os pensadores e os pensativos.
Sofremos de insônia.
Buscam seus blocos de anotações.
Pedem socorro aos livros e internet.
Numa atitude desesperada, o inevitável assalto a geladeira.
O telefone mudo nos faz pensar que somos únicos - que o resto do mundo dorme um tão desejado sono profundo.
O ponteiro continua avançando implacávelmente.
As estrelas rendem o turno ao nascer do sol...
E nós pensadores insones...testemunhas de tudo isso!
"Pensa-se na escuridão clara. Não se pensa. Sente-se. Sente-se uma coisa que só tem um nome: solidão. Ler? Jamais. Escrever? Jamais. Passa-se um tempo, olha-se o relógio, quem sabe se são cinco horas. Nem quatro chegaram. Quem está acordado agora: E nem posso pedir que me telefonem no meio da noite pois posso estar dormindo e não perdoar. Tomar uma pílula para dormir? Mas e o vício que nos espreita? NInguém me perdoaria o vício. Então fico sentada na sala, sentindo. Sentindo o quê? O nada. E o telefone à mão. " (Clarice Lispector - Aprendendo a Viver)

3 comentários:

A. F. disse...

Eu ainda não consegui me decidir se amo ou odeio minhas noites de insônia.

Santos disse...

Uma grande verdade, insonia mais constante na vida do que muitas outas coisas.

Cherry disse...

Nossa, insônia é uma coisa triste. Quando isso acontece, insisto em ficar rolando na cama... até ser vencida pelo cansaço.
Bjim